Acordo global prevê 30% dos oceanos protegidos até 2030

Um acordo global assinado por mais de 100 países na sede das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos, prevê aumentar de 1,2% para 30% as áreas de proteção à vida nos oceanos no mundo. A assinatura do acordo foi realizada no último dia 4 de março, depois de quase 20 anos de discussão.

O tema estava na pauta desde 1994, mas foi pausado diversas vezes ao longo dos anos. O último grande acordo desse tipo foi assinado há 40 anos, determinando quais eram as áreas de alto-mar.

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O novo acordo aumenta o território de áreas protegidas, onde atividades de pesca, passagem de navios e mineração em águas profundas passam a ter controle rígido. O documento também define a criação de um órgão específico para gerenciar a conservação da vida nos oceanos e estabelece regras básicas para avaliar o impacto ambiental de atividades comerciais como pesca e turismo, evitando prejuízos a migrações de golfinhos, baleias, tartarugas marinhas e peixes.

O alto-mar corresponde a quase metade da superfície do planeta e o novo acordo protege 30% dessa área, constituída de águas fora das demarcações nacionais, situadas a mais de 200 milhas náuticas da costa, cerca de 370 quilômetros.

A vida marinha fora das áreas de proteção atuais, apenas 1,2%, está frequentemente em risco por atividades como pesca excessiva, tráfego de navios e mudanças climáticas decorrentes da falta de cuidado com o meio ambiente. Outro agravante é a mineração irregular, causadoras de intoxicação e poluição sonora. Cerca de 10% das espécies marinhas vivem sob risco de extinção atualmente.

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Os especialistas comemoram o fechamento do acordo. A bióloga marinha de Georgetown, Rebecca Helm, diz que proteger esta metade da superfície da Terra é absolutamente crítico para a saúde do nosso planeta.

Nichola Clark, especialista em oceanos do Pew Charitable Trusts, frisa que esta é uma oportunidade única em uma geração para proteger os oceanos – uma grande vitória para biodiversidade.

E Laura Meller, do Greenpeace, declarou que este é um dia histórico para a conservação e um sinal de que, em um mundo dividido, proteger a natureza e as pessoas supera a geopolítica.

Contudo, o acordo ainda não está valendo. Antes de entrar em vigor, o documento irá passar por uma análise de juristas e traduzido para os seis idiomas da ONU.