Áreas alagáveis e piscinões: o que são e como ajudam a prevenir inundações

As mudanças climáticas e a urbanização acelerada aumentaram a frequência e a intensidade das inundações urbanas. Para mitigar esses eventos, técnicas como áreas alagáveis e piscinões têm sido amplamente utilizadas. Este texto explora o que são essas técnicas, como elas funcionam, sua importância e alguns exemplos de implementação pelo mundo e pelo Brasil.

Foto: Ricardo Marajó/SMCS Curitiba

O que são áreas alagáveis e piscinões?

Áreas Alagáveis: São regiões planejadas para suportar a inundação temporária. Podem ser naturais, como pântanos e manguezais, ou artificiais, criadas através de intervenções humanas. Essas áreas atuam como esponjas, absorvendo e armazenando o excesso de água durante eventos de precipitação intensa, liberando-a lentamente, o que ajuda a prevenir inundações nas áreas urbanas circundantes.

Piscinões: Também conhecidos como reservatórios de retenção, são estruturas artificiais construídas para armazenar temporariamente grandes volumes de água da chuva. Esses reservatórios são geralmente subterrâneos ou semienterrados em áreas urbanas e ajudam a controlar o fluxo de água, evitando que sistemas de drenagem sejam sobrecarregados e causem inundações.

Como eles evitam inundações?

Mecanismos de áreas alagáveis:

  1. Absorção: As áreas alagáveis absorvem a água da chuva, reduzindo o volume que chega aos rios e sistemas de drenagem.
  2. Armazenamento temporário: Durante períodos de chuvas intensas, essas áreas armazenam grandes volumes de água, que são liberados gradualmente.
  3. Filtração: As áreas alagáveis ajudam a filtrar poluentes da água da chuva, melhorando a qualidade da água.

Mecanismos de piscinões:

  1. Armazenamento: Piscinões capturam e armazenam água da chuva, evitando que ela sobrecarregue os sistemas de esgoto e drenagem.
  2. Controle de fluxo: Regulam a liberação da água armazenada, reduzindo o risco de inundações durante e após tempestades intensas.
  3. Infiltração: Alguns piscinões permitem que a água armazenada infiltre no solo, recarregando aquíferos e melhorando a gestão hídrica local.

Importância das áreas alagáveis e piscinões

Controle de inundações: Ambas as técnicas são cruciais para reduzir o risco de inundações em áreas urbanas, onde a impermeabilização do solo dificulta a absorção natural da água.

Benefícios ambientais: Áreas alagáveis preservam a biodiversidade e funcionam como habitats para diversas espécies. Além disso, ajudam na purificação da água e no sequestro de carbono.

Sustentabilidade urbana: Piscinões e áreas alagáveis contribuem para a sustentabilidade das cidades, melhorando a resiliência urbana contra eventos climáticos extremos e promovendo uma gestão hídrica eficiente.

Parque Yanweizhou, na China — Foto: Divulgação

Cidades-esponja

O conceito de cidades-esponja foi desenvolvido na China e envolve a criação de infraestruturas urbanas que imitam as funções naturais do solo, absorvendo, armazenando e reutilizando a água da chuva. Essas infraestruturas incluem parques, telhados verdes, lagos artificiais e áreas alagáveis, todos projetados para capturar e gerenciar grandes volumes de água. Cidades-esponja ajudam a reduzir enchentes, melhoram a qualidade da água e promovem um ambiente urbano mais sustentável e resiliente.

Exemplos de utilização pelo mundo

China – Cidades-esponja: A China tem liderado a implementação de cidades-esponja, uma abordagem que integra áreas alagáveis e outras infraestruturas verdes para absorver e armazenar água da chuva. Um exemplo notável é a cidade de Wuhan, onde parques e áreas verdes foram projetados para agir como esponjas naturais, reduzindo significativamente o risco de inundações urbanas.

Estados Unidos – Nova Orleans: Após o furacão Katrina, Nova Orleans implementou várias estratégias para mitigar inundações, incluindo a criação de áreas alagáveis e reservatórios de retenção. O parque Lafitte Greenway, por exemplo, foi transformado em uma área alagável que captura e armazena água da chuva, ajudando a proteger áreas residenciais adjacentes.

Países Baixos – Water Squares: Os Países Baixos são conhecidos por suas inovações em gestão hídrica. Em Roterdã, a Water Square Benthemplein é uma praça que se transforma em um reservatório de água durante períodos de chuva intensa, aliviando a pressão sobre o sistema de drenagem da cidade.

Exemplos de utilização no Brasil

São Paulo – Piscinões: São Paulo é uma cidade que enfrenta frequentemente problemas de inundação devido à sua topografia e alta densidade urbana. A cidade possui vários piscinões, como o Piscinão do Pacaembu, que ajudam a controlar o volume de água da chuva e prevenir inundações nas áreas mais vulneráveis. Outras cidades da região metropolitana de São Paulo também contam com essas estruturas. Na foto abaixo, um registro do Piscinão do Paço Municipal, em São Bernardo do Campo.

Foto: DAEE / São Paulo

Curitiba – Parques lineares: Curitiba é um exemplo de cidade brasileira que utiliza áreas alagáveis como parte de sua estratégia de gestão hídrica. Os parques lineares da cidade, como o Parque Barigui, atuam como áreas de retenção de água da chuva, reduzindo o risco de inundações e melhorando a qualidade de vida dos habitantes.

Rio de Janeiro – Reservatórios subterrâneos: No Rio de Janeiro, a construção de reservatórios subterrâneos em áreas urbanas densas, como o bairro de Botafogo, tem sido uma estratégia eficaz para mitigar inundações. Esses reservatórios capturam e armazenam água da chuva, evitando que ela sobrecarregue o sistema de drenagem da cidade.

Áreas alagáveis e piscinões são técnicas essenciais para a prevenção de inundações em áreas urbanas. Elas não apenas mitigam os impactos das chuvas intensas, mas também promovem benefícios ambientais e contribuem para a sustentabilidade das cidades. Exemplos pelo mundo e pelo Brasil demonstram a eficácia dessas soluções, reforçando a importância de integrá-las nas estratégias de planejamento urbano para enfrentar os desafios das mudanças climáticas e da urbanização crescente.