Alternativas em sustentabilidade são objeto de busca pelas mais variadas áreas, dentre elas a construção civil. Visando reduzir a quantidade necessária de cimento, areia e brita, pesquisadores do Instituto de Arquitetura e Urbanismo em parceria com a Escola de Engenharia da Universidade de São Paulo (USP) vêm trabalhando em projetos de concreto sustentável.
Ao contrário do concreto tradicional, o sustentável substitui porções de cimento, brita e areia por outros materiais como areia de fundição, utilizada na fabricação de moldes de peças metálicas, e escória de aciaria, resíduo da produção do aço. O benefício ambiental é que esses resíduos da indústria voltam para a cadeia produtiva, misturados ao concreto ao invés de serem descartados no meio ambiente.
Resistência do concreto sustentável
Porém, não basta apenas diminuir materiais naturais na composição do concreto substituindo por outros, sem haver preocupação com a resistência da massa. Esse é um dos principais desafios das pesquisas, que estudam como diminuir os espaços vazios entre os elementos agregados (areia e brita), sem a necessidade de preenchê-los com cimento. Quanto mais espaços vazios entre os agregados do concreto, maior a necessidade de cimento.
Esses espaços vazios representam diminuição de resistência do material, impedindo que ele seja aplicado de maneira segura em estruturas. Em virtude disso, o concreto sustentável normalmente é utilizado apenas para construções de pavimentações, calçadas e contrapisos. Esse tipo de obra é totalmente apoiada no chão e não tem função de sustentação, diferentemente de paredes, pilares ou vigas, por exemplo.
Ele ainda não é indicado para fins estruturais, pois é necessário tempo de observação de 20 anos para poder atestar ou não sua eficiência. Logo, a orientação é pela segurança das construções.
Interesse do mercado
À medida que os estudos vão avançando na questão da resistência do concreto sustentável, há o debate sobre o interesse do mercado nesse produto, o que determina sua viabilidade em grande escala. Há dois principais pontos nevrálgicos nisso, elencados pelos pesquisadores: logística competitiva para transportar a escória até os fabricantes e capacidade para classificação da areia de fundição (para separar elementos nocivos).
Os pesquisadores indicam que a própria indústria siderúrgica poderia ser incentivadora do concreto sustentável, desde que se comprove o benefício financeiro da destinação da escória. A expectativa é que enviar o resíduo para ser reaproveitado em artefatos de concreto custaria metade do custo para descartá-lo em aterros credenciados. A acompanhar a evolução.
Fontes: Correio Braziliense, Incopre, Ecycle