Estresse hídrico atinge 4 bilhões de pessoas: saiba o que é esse fenômeno

Um relatório publicado neste mês de agosto informa que cerca de 4 bilhões de indivíduos em todo o planeta enfrentam problemas de falta de água e estresse hídrico.

O Instituto de Recursos Mundiais, sediado em Londres, afirma que – pelo menos durante um mês do ano – quase metade da população mundial experimenta o que os especialistas denominam de estresse hídrico, ou seja, a insuficiência de água devida à seca. A projeção é de que esse número cresça para 60% da população global.

estresse hídrico
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O relatório destaca que 25 nações, que abrigam um quarto da população mundial, enfrentam esse tipo de problema. Os países mais afetados incluem Bahrein, Chipre, Kuwait, Líbano e Omã. O mapa de vulnerabilidade hídrica do centro de estudos evidencia que a demanda por água está aumentando globalmente – e mais que duplicou desde a década de 1960.

Impactos das transformações climáticas em várias regiões

Fenômenos climáticos extremos, como os incêndios ocorridos no Havaí, têm se tornado cada vez mais recorrentes. As alterações climáticas também têm levado a secas cada vez mais intensas.

Na Espanha, também têm ocorrido incêndios florestais. Um parque nacional em Tenerife foi atingido pelas chamas.

Na Tunísia, lagos estão secando, colocando em perigo ecossistemas e perturbando aves migratórias que dependiam dessas áreas alagadas como pontos estratégicos entre a África e a Europa.

No norte do Afeganistão, agricultores que anteriormente cultivavam trigo e outras plantações enfrentam uma considerável diminuição na produção devido à insuficiência hídrica.

No sul da França, um incêndio florestal de grandes dimensões queimou cerca de 500 hectares e obrigou 2 mil pessoas a abandonarem suas residências.

Pesquisadores de diversas organizações climáticas recentemente chegaram à conclusão de que as ondas de calor e os danos observados no hemisfério norte estão diretamente ligados às transformações climáticas agravadas pela atividade humana.

Até 2100, mundo poderá ter dez vezes mais secas

Um estudo apresentado ainda na Rio+20 pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) revela que, até 2100, o número de secas graves em todo o mundo deve aumentar em pelo menos dez vezes. O fenômeno já é intensificado pelas mudanças climáticas do planeta, mas também por fatores diretamente ligados à ação humana, como desmatamento, ocupação irregular da terra e aumento populacional.

As consequências são dramáticas: escassez de água e acentos. Somente na região de Sahel, na África, há 13 milhões de pessoas diretamente afetadas. De acordo com o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), a fluência e intensidade das secas vêm aumentando nos últimos 25 anos, devido à elevação da temperatura do planeta.

Secas produzem grandes perdas econômicas e, por isso, matam mais do que qualquer outro desastre natural, conforme afirma Mohammed Bazza, da Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – FAO.

E sua frequência e gravidade vêm aumentando. São muitos os países atingidos a cada ano. Até 2050, seremos 9 bilhões de pessoas: teremos que produzir 70% mais comida, fazer mais, com menos recursos naturais, como água.

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Tipos de seca

A definição de seca não é única e sua interpretação varia de acordo com as regiões geográficas, uma vez que é estabelecida com base nos padrões usuais de disponibilidade de água; um país africano não levará em consideração os mesmos critérios que um país do norte da Europa.

As entidades nacionais e internacionais fazem distinção entre diversos tipos:

  • Seca meteorológica: refere-se à escassez prolongada de precipitação, registrada de maneira continuada.
  • Seca hidrológica: é a redução da disponibilidade de água abaixo do nível normal, seja nos fluxos de água, como rios, ou no nível dos reservatórios.
  • Seca agrícola: é a falta de umidade que impossibilita atender às necessidades de um cultivo.
  • Seca socioeconômica: ocorre quando a escassez de água afeta diretamente as pessoas ou alguma atividade econômica.