Para marcar o Dia de Proteção às Florestas (17/7), governo do Estado, o Exército Brasileiro e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) realizaram uma ação para devolver a cobertura de vegetação nativa a áreas que sofreram deslizamentos de terra no Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul. A iniciativa também contou com a colaboração de estudantes de escolas públicas da região.
O lançamento de cerca de cinco milhões de sementes via aérea foi uma das estratégias encontradas pelas equipes técnicas para abranger a maior área possível em locais de difícil acesso. De helicópteros do Exército e da Polícia Rodoviária Federal centenas de mixes de sementes produzidos pelos alunos e embalados em papel de germinação, que cria condições favoráveis para a germinação das sementes, foram lançados em áreas afetadas. Entre 29 de abril e 30 de maio, o Estado registrou 4.374 alertas de deslizamentos de todos os portes, em 146 municípios.
“Promovemos essa ação no Dia de Proteção às Florestas, trazendo as escolas para participar, para falarmos mais sobre proteção ambiental e educação para as pessoas que ocupam áreas de risco. Nós não orientamos apenas sobre a importância da floresta, mas também que estamos em uma região suscetível à movimentação de massa, em um vale que sofreu com as enchentes. O conhecimento é a melhor forma de prevenção”, reforçou a titular da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), Marjorie Kauffmann.
Incluir as crianças nessa ação envolveu uma capacitação de dois dias para estudantes de escolas das redes pública municipal e estadual, promovida pelas equipes da Assessoria de Educação para a Sustentabilidade e da Divisão de Flora da Sema e pelo Ibama.
Marina Althaus, de 13 anos, foi uma das alunas que participou da oficina de mix de sementes.
“Nós aprendemos algumas coisas, como espécies de árvores e sementes. Eu achei bem importante essa missão, porque a gente viu os deslizamentos que atingiram a nossa comunidade”, contou.
“É bom participar desses momentos. Eu vi que é muito importante, porque a gente não sabia de muitas plantas nativas daqui. Houve muitos deslizamentos, então, ver isso florescer de novo vai ser muito bom”, complementou Jeniffer Selge, de 15 anos.
Em terra, houve o plantio de 340 mudas de árvores nativas da Mata Atlântica, doadas pelo Jardim Botânico de Porto Alegre. A atividade fez parte do projeto SemeAr, uma parceria entre a Sema, o Comando Conjunto da Operação Taquari 2, o Ibama, a Universidade do Vale do Taquari (Univates) e as prefeituras de Santa Clara do Sul, Marques de Souza e Pouso Novo.
“Essa união de forças é necessária para colocar o Rio Grande do Sul para cima de novo depois das tragédias que ocorreram em maio. O comando conjunto, com diversas outras entidades, fez várias ações ao longo da Operação Taquari. Essa atividade de reflorestamento realizada no Dia de Proteção às Florestas corrobora essa atuação”, afirmou o comandante do 7º batalhão de Infantaria Blindado, coronel Orlando de Souza.
Também apoiaram a iniciativa: a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação; o Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa Florestal; o Movimento Pro Mata Ciliar e da Bio C – Central de Compostagem. As empresas Vital Terra e Folhito disponibilizaram o composto para formar os mixes de sementes.
Importância da vegetação nativa nas encostas
A vegetação nativa desempenha um papel crucial na prevenção de deslizamentos de encostas, um fenômeno natural que pode causar danos significativos a vidas humanas e infraestruturas. As raízes das plantas nativas atuam como um sistema de ancoragem, estabilizando o solo e prevenindo a erosão. Elas penetram profundamente no solo, criando uma rede que mantém a terra coesa e resistente à ação da gravidade e das chuvas intensas.
Além disso, a cobertura vegetal reduz a quantidade de água que atinge o solo diretamente. As folhas interceptam a chuva, permitindo que a água se evapore ou escorra lentamente pelo caule, diminuindo a velocidade com que a água chega ao solo e, consequentemente, reduzindo a possibilidade de erosão. A vegetação também aumenta a infiltração da água no solo, permitindo que ela seja absorvida mais lentamente e diminuindo o risco de saturação, um dos principais fatores que contribuem para deslizamentos.
A vegetação nativa possui uma adaptação natural ao clima e ao solo da região, tornando-a mais eficiente na proteção contra deslizamentos do que plantas exóticas ou gramíneas de crescimento rápido. Espécies nativas têm uma capacidade única de se integrar ao ecossistema local, promovendo a biodiversidade e criando um ambiente equilibrado. Além disso, elas requerem menos manutenção e insumos externos, como fertilizantes e irrigação, o que as torna uma solução sustentável e de longo prazo para a estabilização de encostas.
A preservação e a restauração da vegetação nativa são fundamentais em áreas propensas a deslizamentos. Políticas públicas que incentivam o reflorestamento com espécies nativas, juntamente com a conscientização da população sobre a importância dessas plantas, são essenciais para a mitigação dos riscos associados a deslizamentos. Investir na vegetação nativa não só protege o meio ambiente, mas também salva vidas e preserva infraestruturas, demonstrando ser uma medida eficiente e ecologicamente correta para a gestão de encostas.
Portanto, a importância da vegetação nativa na prevenção de deslizamentos de encostas é evidente, e seus benefícios se estendem para além da proteção física do solo, englobando aspectos ecológicos, econômicos e sociais.